Os Inseparáveis 3-

 
Brevemente deparavam com uma aldeia, em parte semelhante à sua.
 
Tinham velejado para W, durante todo o resto do dia, na manhã seguinte, desembarcaram e comeram frutos, de árvores próximas da costa. Um pouco mais tarde, retomaram a marcha e duas horas após avistaram a povoação. Pela terceira vez a quilha aguçada da esforçada «banheira» sulcou areias francesas.
 
Os naturais observaram-nos, com estranheza. Um, dentre eles, destacou-se, do grupo de curiosos e dirigiu-lhes uma série de perguntas, em Francês. Foi aqui, que começaram as complicações. Nenhum deles sabia o suficiente Francês, para poder conversar fluentemente, com o pescador, todos emudeceram. Paulo foi o primeiro a reagir.
 
– Então, vocês não dizem nada?
 
– O que é que tu queres!? Ele fala tão depressa que não o consigo perceber! – replicou Manuel presumidamente.
 
– Se calhar também não os percebes por outras razões?
 
Todos se riram, mas naquele instante, o interlocutor oferecia-lhes uma refeição em sua casa. Os três riam a bom rir quando, pelo canto do olho, observaram as expressões contraídas dos franceses: o que lhes falava passava, se não por todas as cores, pela maior parte delas, e os conterrâneos fecharam mais, o círculo que os envolvia. A hora da sesta, diminuíra o seu número, pois, muitos pescadores, cansados pela labuta diária, roncavam, encostados a barcos completamente em seco, ou estendidos na areia, com um boné sobre os olhos. O ofendido provençal enfureceu-se e de punho cerrado e em altos berros exigiu uma explicação. Mas desta vez, as coisas correram mal para os naturais. Nada podia exprimir tanta coisa como o punho crispado. Raciocinando simultaneamente todos deram muros e pontapés, em todas as direcções. Eram sete os adversários dos sicilianos. António com um murro derrubou o desafiador, desafiado, e como este batesse com a cabeça no parceiro de trás, o número reduziu-se a cinco. Dez muros depois só restavam dois do lado de lá e os três do lado de cá, cada grupo correndo para o seu lado: os primeiros a chamarem mais esmurradores e os segundos correndo a salvarem o barco. Num instante este encontrava-se sobre as águas Mediterrânicas mas no seguinte no alto da praia surgiram novos adversários desta vez em maior número – sim porque mais vale prevenir do que remediar. Só lhes restava fazerem uma coisa e eles fizeram-na: com os três remos adicionais puxados por seis vigorosos braços, fugiram para o largo.

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